top of page
artigo_autoconhecimento.PNG

Autoconhecimento

Autoconhecimento se refere a capacidade da pessoa conhecer sobre si mesma e de responder à indagação "quem eu sou?".

 

Vou começar falando sobre o autoconhecimento atrelado ao sujeito perceber como ele se relaciona. Na vida, as pessoas desempenham papéis: o de profissional, o de mãe ou pai, esposa ou esposo, filho ou filha, amigo, irmão, dentre tantos outros. Ao desempenhar estes papéis usam máscaras. Estas servem para que as pessoas se adaptem e sejam aceitas pelo meio.

 

Não há problemas em usar máscaras, elas são necessárias. O problema ocorre quando a pessoa se relaciona usando sempre só uma delas. Por exemplo: um homem que a maior parte do tempo se relaciona usando seu lado profissional, quando chega em casa está no papel de pai, mas frequentemente fala com seu filho ou com sua esposa como se tivesse falando com seus funcionários.

 

O outro problema é quando a pessoa troca os papéis, ou seja, está em um lugar, mas se comporta com atitudes que seriam mais coerentes para outros lugares. Por exemplo: um aluno, que em sala de aula se comporta como se estivesse em um bar, mas quando está no bar, suas atitudes são de uma pessoa retraída.

 

Muitas vezes as pessoas usam máscaras diferentes daquilo que elas são. Isto pode ocorrer por diversos motivos: por necessidade de ser aceita ou por precisar contar uma história diferente do seu real jeito de ser.

 

Quando a pessoa vive com pouca flexibilidade entre os papéis que desempenha ou quando troca os papéis ou quando demonstra ser o aquilo que não é, podem ocorrer dificuldades emocionais, comportamentais ou de adaptação.

 

O autoconhecimento que se refere à capacidade do sujeito olhar para o como ele se relaciona, diz respeito ao saber que possibilita ao sujeito perceber a forma como está se colocando no meio que o cerca, seu comportamento, seu diálogo e se seu relacionamento está em sintonia com o papel que está desempenhando nos diferentes momentos. Os feedbacks que recebemos podem nos ajudar a construir uma imagem de como somos percebidos pelo meio e o grau de adequação do nosso jeito a cada situação.

 

Por isso, é importante acrescentar à vida diária ocasiões para reflexão, pois isto possibilita que a pessoa analise suas atitudes nos diversos momentos do seu cotidiano.

 

Mas isto que falamos até agora é uma parte importante do autoconhecimento, pois é a que possibilita à pessoa se adaptar ao meio. Mas há outras com igual importância.

 

A segunda forma de autoconhecimento se refere a como a pessoa é. Esta maneira de se ver, diz respeito às características físicas. A pessoa nasce com uma biologia, em parte genética, mas há outras, moldadas pelas histórias vividas. Uma pessoa nasce com uma estatura, baixa (por exemplo) e não poderá alterar este jeito, por mais que a sociedade valore outro perfil. Têm pessoas que ao longo da vida engordam, por diversos motivos: hormonais, por ansiedade ou porque carregam responsabilidades acima das suas possibilidades. Com o passar do tempo todos envelhecem e os corpos se modificam, alguns aceitam com mais naturalidade que outros.

 

Isto que falamos agora faz parte do como a pessoa é. Muitas vezes esta forma de conhecimento passa despercebida. Reflexões que envolvem o conhecer as características físicas ajudam a pessoa a aceitar aquilo que a genética lhe impõe e a perceber aquilo que ela pode ou quer transformar em si mesma.

 

Há ainda uma terceira forma de autoconhecimento, diz respeito ao o que a pessoa é. Esta terceira parece ser a mais difícil de ser percebida.  Costumo dizer que este tipo de autoconhecimento é como se a pessoa olhasse em seus olhos num espelho: o que ela veria?

 

Este tipo de se conhecer envolve perceber valores, missão de vida, histórias, dificuldades, talentos, escolhas, decisões, requer que a pessoa compreenda a sua unicidade e seu jeito particular de ser.  Significa se olhar e se perceber como um ser único e inteiro. A Psicologia Analítica chama de processo de individuação, o qual possibilita que a pessoa se reconheça como um ser único para ser a melhor pessoa que poderia ser para si mesmo e para o meio em que vive.

 

Esta terceira forma envolve refletir sobre a verdadeira essência humana. E é um processo.  As pessoas não nascem com sua identidade pronta, ela é construída ao longo da vida. Muitas vezes as pessoas se imaginam com alguma deficiência naquilo que pensam não serem muito adequadas e vão construindo saberes paralelos a seu próprio respeito, algumas pessoas constroem imagens negativas de si mesma e outras se supervalorizam.

 

Um analista junguiano (Gustavo Barcellos) faz o seguinte comentário: "contamos histórias e somos as histórias que contamos. Mais que isso, somos a maneira como contamos nossa história". O autoconhecimento está muito atrelado à percepção que a pessoa tem sobre a maneira como foi construindo sua identidade ao longo da vida e a forma como fala seu respeito.

 

Conhecer a si próprio é um processo, não termina nunca, pois a vida está em constante mudança e sempre coloca a pessoa diante de algo novo que vai requerer construir uma nova identidade para lidar com a situação.

 

Em nossa vida diária, é importante deixarmos tempo para nós mesmos, mas um tempo de qualidade, mesmo que curto, para que a consciência do autoconhecimento possa acontecer.

 

A psicologia pode ajudá-lo. Uma das formas é com a terapia. O processo terapêutico é um diálogo que ocorre entre o analista e o analisando que tem como finalidade cuidar das manifestações psíquicas. Através de um criterioso trabalho com as emoções, fantasias, sofrimentos, sintomas e sonhos, o terapeuta contribui para que a pessoa cultive a habilidade de melhor perceber sua identidade e seus relacionamentos.

 

Outra forma é o coaching, um processo conduzido por um profissional (coach) que através de técnicas, possibilita pessoa aprendizado sobre si mesmo, conscientização de suas potencialidades e elaboração de ações para o seu desenvolvimento. O coaching é uma parceria, na qual o coach oferece pessoa ferramentas para que ela invista tempo e esforço em seu aperfeiçoamento.

 

Os diversos ramos da ciência estão aí para ajudá-lo, mas só você pode decidir se quer ou não conhecer sua verdadeira essência.

Ana Paula Escorsin – Psicóloga. 

bottom of page