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As transformações da vida

Era um agosto. Manhã bem cedinho.

 

Havia no céu um misto de nublado para chuva e o sol querendo nascer. Aquela manhã tinha tom que, apesar de bonito, parecia triste.

 

O vento intenso. Formou-se uma chuva de folhas. Aquela paisagem me deixou maravilhada.

 

Pensei: seriam as últimas a caírem antes da primavera?

 

Ao chegar ao meu consultório, abri a janela, percebi que as árvores estavam diferentes, folhas verdes começavam a desabrochar.

 

Em um curto intervalo de tempo presenciei folhas velhas deixando as árvores e folhas novas nascendo.

 

Durante o ano as árvores se transformam: crescem, renovam folhas e envelhecem. Mantém estruturas de raiz e tronco.

 

Essa paisagem me fez pensar sobre o ciclo: nascimento, morte e renascimento.

 

Com as pessoas  acontece semelhante: se transformam. O tempo passa, aprendem novos conteúdos e outros vão embora. Existem aqueles estruturais que permanecem.

 

As transformações humanas não são fáceis, têm situações ou hábitos que precisam ir embora, mas a pessoa não consegue se desprender. Com isso, pode dificultar o próprio desenvolvimento.

 

Parece estranho que a pessoa impeça seu crescimento, mas ocorre.

 

A natureza cumpre seu ciclo, nunca vi uma planta não querer envelhecer ou não querer que uma flor murche ou se grudar a uma folha seca.

 

E com as pessoas? Quantas não ficam apegadas a um relacionamento desgastado? Em trabalho que não traz satisfação? Em faculdade que nada tem a ver com a vocação? Com atitudes destrutivas para si mesma?

 

Quando uma pessoa contribui para que acontecimentos e comportamentos cumpram o seu caminho dentro dela - iniciar, terminar, transformar - a vida se desenvolve em uma certa harmonia, mas quando paralisa em algo (tanto bom quanto ruim) pode adoecer.

 

Essa vivência me trouxe à lembrança uma frase de Cecília Meireles: “Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira”.

 

Deixar ir. Do corte brotar oportunidade do novo nascer.

 

Fonte da imagem: amp.leouve.com.br

 

Vou sugerir  a você um outro exercício de escrita livre: que tal escrever sobre um amanhecer - vivido ou imaginado?

Ana Paula Escorsin - Psicóloga

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